Casa Escambo

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Três Residências realizadas em Sabará / MG com artistas de distintas regiões do vasto Minas Gerais.

Minas são muitas, e aqui são artistas advindos Pompéu, Carlos Chagas, Governador Valadares, Ribeirão das Neves, Viçosa e Sabará! Cada um com um traço cultural e personalidades diferentes, em oportunidade de criação coletiva. O campo de trabalho são as ladeiras e montanhas.

Artistas Residentes: André Luiz (Carlos Chagas/MG) Maciel Santhos (Carlos Chagas/MG) Mestre Dema (Carlos Chagas/MG) Tai (Governador Valadares) Fael Flagrante (Viçosa/MG) BPO (Ribeirão das Neves/MG) Artistas Convidados: Silas Fonseca – Residência #1 Marcela Lopes – Residência #2 Mya – Residência #3 Produção Musical: Thiago Augusto Guedes Colaboradores: João Rafael Lopes Marco Aurélio Prates Tiago Salgado Sofia dos Santos Thiago Marinho MDG Produção Executiva: Gabriel Murilo Realização: Instituto Imersão Latina Embaixada Cultural Casa dos Fundos Coletivo Fórceps Idealização: Gabriel Murilo Agradecimentos: Rancho da Cultura Casarão 36 Coletivo Fórceps Padaria Vô Pedro Restaurante Barroco Les 4Ecluses François Jolivet Hostel República Sabará

Instituto Imersão Latina: Verlaine Prado, Nelson Pombo Jr, Brenda Marques Pena, Aline Cântia
Em memória de Mestre Dema que levou suas folias para outros cantos

ANUÁRIO

Confira o anuário do Projeto Caso Escambo, realização do Instituto Imersão Latina, em parceria com a Embaixada Cultural, Coletivo Fórceps e Casa dos Fundos, com recursos do Fundo Estadual de Cultura 2016. O projeto foi realizado em 2017 e 2018 na cidade de Sabará, em Minas Gerais:

http://www.imersaolatina.com/wp-content/uploads/2018/11/ANUA%CC%81RIO-2018-Casa-de-Escambo.pdf

A Casa de Escambo é um dos raros projetos de residência artística que existem no Brasil e em Minas Gerais com o propósito exclusivo de fomentar a criação musical de artistas regionais. Os seus resultados foram muito potentes individualmente e profissionalmente para os participantes, e coletivamente para a cidade de Sabará. Os residentes tiveram oportunidades de vivenciar subjetividades importantes da existência humana como por exemplo a coletividade, a paciência, o desapego, o altruísmo e a autogestão motivados por um processo muito diferente de seus cotidianos: a residência tem um prazo específico para acabar, ao mesmo tempo em que tem metas subjetivas.

O fato de não haver um compromisso com o produto final e sim um foco nos processos criativos foi um elemento que deslocou a percepção dos participantes, visto que, em geral, os processos urbanos da vida social se pautam por resultados mensuráveis e funcionais. A maior parte dos artistas soube se organizar no tempo e criar objetivos próprios. Em outros momentos foi perceptível a frustração nos participantes em assumir-se com dificuldade de autogestionar seus próprios processos criativos. Isto ficou nítido pois todos estavam frente a uma oportunidade que não apresentava quase nenhum obstáculo à criação – havia tempo, espaço e recursos financeiros. Neste aspecto a residência foi muito frutífera e transformadora em níveis pessoal e subjetivo. Houveram alguns conflitos – de classe e de gênero – que evidenciavam as diferenças de contextos dos participantes e as mazelas sociais comuns as quais nossas sociedades estão imersas. A partir da mediação da coordenação e de autorreflexão dos residentes foi possível chegar a aprendizados e à busca de soluções para estes conflitos.

Profissionalmente houveram diversos ganhos. Todos os artistas saíram da residência com músicas novas e com a possibilidade de usá-las comercialmente. Para alguns o processo de gravação e produção com um profissional foi algo novo e gerou muitos aprendizados técnicos. Para a cidade de Sabará observamos que o impacto do projeto foi muito positivo através do engajamento dos artistas locais. Ao longo do processo novas pessoas surgiam interessadas em contribuir artisticamente ou apoiando a produção. Percebemos o quão importante era para algumas pessoas apenas as sensação de fazer parte de algo que era intenso, que despertava paixão, energia criativa e relações afetivas sinceras no trabalho coletivo. Todos relataram que a vivência no projeto os transformara de uma maneira única.

A Casa de Escambo contou com expertise da Embaixada Cultural que já realizou inúmeras residências em Minas Gerias com artistas Brasileiros e internacionais e contribuiu para mais um capítulo de um conhecimento colaborativo na gestão de residências e processos coletivos no campo da música.

Gabriel Murilo
Coordenador Geral do Projeto